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A flexibilidade e a força se opõem durante uma prática exemplar do Aikido ou inversamente, em que casos elas são complementares?
Penso que é essencial distinguir entre alguém que é naturalmente forte, mas que sabe utilizar seu poder sem empregar a força e um outro que tomasse por base de toda sua prática unicamente sua força. Independentemente de saber que isto seria fatal para o progresso de sua técnica, sendo ela ofuscada por essa “passagem à força”.
A utilização desta força é sem dúvida limitada pela idade e, em vez de progredir com o tempo, o praticante se tornaria mais rígido, se esclerosaria cada vez mais, as consequências seriam, obviamente, totalmente negativas. Devemos nos lembrar de que todo o trabalho de precisão da técnica visa obter a máxima eficiência com o mínimo de esforço.
No caso da flexibilidade, acontece o mesmo, é essencial distinguir entre a flexibilidade articular e a flexibilidade na ação. Se a técnica não for precisa, a ação aleatória, e ainda que haja pouca agressão surpresa ou medo, o mais flexível dos praticantes se tornará imediatamente rígido e tentará compensar com o que está acessível imediatamente, ou seja, com um sentimento de rejeição, de recusa e uma força crescente nos ombros. Não pode haver movimento naturalmente executado sem que haja flexibilidade. Natural, significa que há um hábito, portanto economia, portanto precisão… é somente através de um movimento técnico flexível e sem bloqueios, físicos ou mentais (portanto sem medo) que a força se expressa liberando um grande poder.
O trabalho do Ki é suficiente para abrir a porta do Aikido; não seria necessário um treinamento mais físico?
É evidente, o problema do Ki, se de fato é possível defini-lo com precisão, é sua fluidez, sua livre circulação e seu intercâmbio exterior-interior e a seguir em harmonia com os elementos que nos cercam. Você pode fazer exercícios, sozinho ou então com um parceiro particularmente complacente: aprender a colocar os ombros, as costas, a pelve, a respiração, buscar seu centro etc.
Mas quando há agressão, fictícia ou real, quando há uma relação com o outro, sem treinamento intensivo prévio, sem uma real experiência, sem calma, para conservar sua colocação, os ombros para baixo, a posição do Hara etc. O Aikido desenvolvido por 0’Sensei e escolhido como base de prática por nós mesmos em conhecimento de causa é um budo, o atacante é o álibi com o qual é preciso encontrar uma solução harmoniosa ao conflito, Ki, ainda que este último não o desejar.
O Aikido é um budo, então pode ser considerado unicamente como uma arte de defesa?
Um budo é um sistema, físico, mental, humano, de educação marcial, que deve desenvolver, no mais alto grau, as qualidades inerentes ao ser humano desenvolvendo também e ao mesmo tempo as constantes do estudo do “caminho” que deve ser lembrado: a busca do gesto puro, resultando em pureza da mente, o respeito, a atitude certa no momento certo, a espontaneidade etc. Reduzir o budo simplesmente a uma arte de defesa, é esquecer sua dimensão de abertura para o mundo e se enganar de época e de armas. Quando todas as qualidades do budoka são adquiridas, inclusive a arte da defesa, ele pode seguir em frente, trilhar seu caminho no mundo, para comunicar, viver e amar, sem temor por ele e pelos outros. Aquele que pratica somente uma arte de defesa não faz nada além do que se forjar uma carapaça que ele deseja que fique cada vez mais sólida na qual ele corre o risco de se isolar e da qual talvez não seja mais capaz de sair.
Christian Tissier 7º Dan
(entrevista parte 1) | (entrevista parte 2)
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Conteúdo autorizado por Christian Tissier Shihan e Sylvette Douche Diretora Administratica da FFAAA
Créditos:
Texto: Aikido e Progresso – Janeiro de 2011
Original em Francês: Aïkido et Progrès nº 3
Tradução para o Português: Marisa ROSSETTO
Tradutora Juramentada e Intérprete de Conferência